Pela primeira vez em dez anos de trabalho foram encontradas pérolas em ostras do género Crassostrea. O investigador Frederico Batista, da Estação Experimental de Moluscicultura de Tavira do Instituto de Investigação das Pescas e do Mar (IPIMAR), trabalha há uma década num projecto de conservação da ostra portuguesa e nunca tinha observado este fenómeno.
Em 756 ostras apanhadas em diferentes locais do Algarve (Ria de Alvor, Ria Formosa e Rio Guadiana) e que constituem a amostra deste estudo, foram encontradas pérolas em dois exemplares.
Pode não parecer muito, mas o fenómeno é tão raro que os investigadores ainda não têm respostas. “Não sabemos muito bem como é que aconteceu, mas acreditamos que não tem nada de mal e que se deve às características do meio”, diz Frederico Batista.
Nas ostras, cuja espécie está também ainda por definir, foram encontradas cinco pérolas. Numa foi observada uma pérola com dimensão de cinco milímetros de diâmetro e 190 miligramas de peso, e, na outra, quatro pérolas com apenas dois milímetros de diâmetro.
“As ostras podem ser das espécies Crassostrea angulata (nome científico da ‘ostra Portuguesa’), Crassostrea gigas (‘ostra do Pacífico’) ou então híbridas”, explica o investigador. As duas espécies são muito parecidas entre si e nos sítios onde foram recolhidas acontece com frequência a hibridação.
“O que tem de valor é a raridade. Quanto o material que compõe das pérolas, tanto o brilho como a cor não parece ser especial”, diz o cientista. As pérolas já seguiram para um laboratório em Cambridge para serem analisadas.
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